16.3.09


Projetos Inacabados

Faz parte da natureza humana sonhar e idealizar as mais variadas realizações.

Um hábito muito comum é a lista que se faz no início de cada ano, as famosas "proposições de ano novo".

Costuma-se relacionar hábitos nocivos a serem abandonados, cursos a serem iniciados e virtudes a serem adquiridas...

Propostas razoáveis e, na maioria das vezes, necessárias ao desenvolvimento daquele ser que as relacionou.

No entanto, comumente, antes mesmo da primeira semana do ano acabar, a lista é abandonada em alguma gaveta, juntamente com a disposição sincera de mudança que a havia inspirado.

E lá se vão para o esquecimento, mais uma vez, as mudanças prometidas para si mesmo.

Quem se espera enganar?

Afinal, a proposição de reforma íntima atinge primeiramente ao próprio interessado.

Propostas como essas abandonadas lembram projetos que se iniciam e não se realizam.

São barcos que jamais alcançam o mar.

Textos sem ponto final.

Obras que não saem da prancheta de desenho.

Músicas jamais executadas.

Flores que não desabrocharam.

Filhos que não nasceram.

Amores inconfessados.

Desenhos que nunca tocaram um papel.

Promessas não cumpridas.

Sonhos abandonados.

Os dias passam rápidos.

As folhas brotam, crescem e mais adiante caem das árvores, enquanto as pessoas passam seus dias adiando partidas, retardando começos e cancelando mudanças.

E o que poderia acontecer de modo voluntário, acaba se tornando obrigatório.

A vida, um dia, há de nos cobrar pelas realizações que nos caberiam e que não levamos a termo.

Que realizações serão essas?

Grandes feitos?

Conquistas retumbantes?

Não.

Por certo, as mais significativas missões que nos foram confiadas têm o objetivo de domar nossas próprias imperfeições.

"Ah! Mas é tão difícil vencer hábitos antigos!" - poderíamos argumentar.

No entanto, mais difícil ainda será conviver para sempre com costumes infelizes que amargam a nossa existência e a daqueles que nos cercam.

Projetos inacabados, por certo, temos vários.

Qual deles retomar e concluir de uma vez por todas?

Cada um de nós deverá saber qual é o mais urgente e mais viável, por ora.

Trata-se de uma decisão intransferível e inadiável.

É chegada a hora de realizar e de transformar.

É hora de abandonar as desculpas que nos serviram de muletas por tantos séculos, retardando-nos, no mesmo compasso de atraso e de teimosia vã.

............................

Que o dia de hoje seja uma marca significativa na linha do tempo de nossas existências.

Pouco importa que dia da semana seja.

Não interessa em que mês do ano estejamos.

Não há porque esperar por outra oportunidade.

Chances são como brisas que surgem rapidamente e se vão de igual forma.

Não há motivo real e justo para permanecer estacionados enquanto a vida nos chama a realizar o bem.

Coragem e disposição hão de ser a inspiração que nos faltava.

Não amanhã, mas sim, hoje.

Não depois, mas sim, a partir de agora.


Autor:

Equipe de Redação do Momento Espírita.


9.3.09

UMBANDA E KARDECISMO



Qual é a distinção?

Comentários de ALEXANDRE CUMINO sobre a visão de Leal de souza

Leal de Souza, intelectual e escritor de origem kardecista, tornou-se médium orientado por Zélio de Moraes e também o primeiro autor umbandista, com o título “O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda”, 1933, onde encontramos um capítulo inteiro (capitulo 31) onde defende a origem kardecista da Umbanda.

Coloco abaixo apenas algumas passagens deste texto para apreciação do leitor, faço algumas considerações ao final:

O KARDECISMO E A LINHA BRANCA DE UMBANDA

Por Leal de Souza


A Linha Branca de Umbanda e Demanda está perfeitamente enqua­drada na doutrina de Allan Kardec e nos livros do grande codi­ficador, nada se encontra susceptível de condená-la.

Cotejemos com os seus escritos os princípios da Linha Branca de Um­banda, por nós expostos no “Diário de Notícias”, edição de 27 de novembro de 1932....

(...) Os protetores da Linha Branca de Umbanda se apresentam com o nome de caboclos e pretos, porém, fre­quentemente, não foram nem ca­boclos nem pretos.

Allan Kardec, a página 215 do “Livro dos Espíritos”, ensina:

“Fazeis questão de nomes: eles (os protetores) tomam um, que vos inspire confiança”.

Mas como poderemos, sem o perigo de sermos mistificadores, confiar em entidades que se apresentam com os nomes supostos? Allan Kardec, a página 449 do “Livro dos Espíritos”, esclarece:

“Julgai, pois, dos Espíritos, pela natureza de seus ensinos... Julgai-os pelo conjunto do que vos dizem; vede se há encadeamento lógico em suas idéias; se nestas nada revela ignorân­cia, orgulho ou malevolência; em suma, se suas palavras trazem todo o cunho de sabedoria que a verdadeira superio­ridade manifesta. Se o vosso mundo fosse inacessível ao erro, seria perfeito, e longe disso se acha ele”.

Ora, esses espíritos de caboclos ou pretos, e os que como tais se apresen­tam, pela tradição de nossa raça, e pelas afinidades de nosso povo, são humildes e bons, e pregam, invariavel­mente, sem solução de continuidade, a doutrina resumida nos dez manda­mentos e ampliada por Jesus...

(...) O objetivo da Linha Branca é a prática da caridade e Allan Kardec, no “Evangelho Segundo o Espiritismo”, pro­clama repetidamente que “fora da cari­dade não há salvação”.

A Linha Branca, pela ação dos espí­ritos que a constituem, prepara um am­biente favorável a operosidade de seus adeptos. Será isso contrário aos pre­ceitos de Allan Kardec?

Não, pois ve­mos, nos períodos acima transcritos, que os espíritos familiares, com ordem ou permissão dos Espíritos Protetores, tratam até de particularidades da vida íntima.

No mesmo livro, a página 221-222, lê-se:

“525. Exercem os espíritos alguma influencia nos acontecimentos da vida?”

“Certamente, pois que te aconse­lham.”

“- Exercem essa influência, por outra forma que não apenas pelos pen­samentos que sugerem, isto é, tem ação direta sobre o cumprimento das coisas?”

“Sim, mas nunca atuam fora das leis da natureza”.

Assim, os caboclos e pretos da Linha Branca de Umbanda, quando intervém nos atos da vida material, em benefício desta ou daquela pessoa, agem confor­me os princípios de Allan Kardec.

Na Linha Branca, o castigo dos mé­diuns e adeptos que erram consciente­mente, é o abandono em que os deixam os protetores, expondo-os ao domínio de espíritos maus.

A página 213 do “Livro dos Espíritos” Allan Kardec leciona:”

“496. O espírito, que abandona o seu protegido, que deixa de lhe fazer bem, pode fazer-lhe mal?”

“Os bons espíritos nunca fazem mal. Deixam que o façam aqueles que lhe tomam o lugar. Costumais então lançar a conta da sorte as desgraças que vos acabrunham, quando só as sofreis por culpa vossa”.

E adiante, na mesma página:

“498. Será por não poder lutar con­tra espíritos malévolos que um Espírito protetor deixa que seu protegido se transvie na vida?”

“Não é porque não possa, mas porque não quer”.

A divergência única entre Allan Kar­dec e a Linha Branca de Umbanda é ma­is aparente do que real.

Allan Kardec não acreditava na magia, e a Linha Branca acredita que a desfaz. Mas a magia tem dois pro­cessos: o que se baseia na ação fluí­dica dos espíritos, e esta não é contes­tada, mas até demonstrada por Allan Kardec. O outro se fundamenta na volatilização da propriedade de certos corpos, e o glorioso mestre, ao que parece, não teve oportunidade, ou tempo, de estudar esse assunto.

(...) ...a sua insignificante dis­cordância com a Linha Branda de Um­banda desaparece, apagada por estas palavras transcritas do “Livro dos Espíritos”, páginas 449-450:

“Que importam algumas dissidên­cias, divergências mais de forma do que de fundo? Notai que os princípios funda­mentais são os mesmos por toda a parte e vos hão de unir num pensa­mento comum: o amor de Deus e a prática do bem”

E o amor de Deus e a prática do bem são a divisa da Linha Branca de Umbanda.

Comentários:

Colocamos ao lado algumas passagens da obra de Kardec que não se enquadram na prática e doutrina da religião de Umbanda, principalmente no que diz respeito à Magia, como bem ilustrou Leal de Souza; começando pelo livro “O que é o Espiritismo”:

Longe de fazer reviver a feitiçaria, o Espiritismo a aniquila, despojando-a do seu pretenso poder sobrenatural, de suas fórmulas, engrimanços, amu­letos, e talismãs, e reduzindo a seu justo valor os fenômenos possíveis, sem sair das leis naturais. (p.116)

Vejamos algumas considerações do O Livro dos Espíritos:

551. Pode um homem mau, com o auxilio de um mau Espírito que lhe seja dedicado, fazer mal ao seu próximo?

“Não; Deus não o permitiria.”

553. Que efeito podem produzir as fórmulas e prática mediante as quais pessoas há que pretendem dispor do concurso dos Espíritos?

“O efeito de torná-las ridículas, se procedem de boa-fé. No caso contrário, são tratantes que merecem castigo. Todas as fórmulas são mera charlata­naria. Não há palavra sacra­mental nenhuma, nenhum sinal cabalís­tico, nem talismã, que tenha qualquer ação sobre os Espíritos, porquanto estes só são atraídos pelo pensamento e não pelas coisas materiais.”

a) – Mas, não é exato que alguns Espíritos têm ditado , eles próprios, fórmulas cabalísticas?

“Efetivamente, Espíritos há que indicam sinais, palavras estranhas, ou prescrevem a prática de atos, por meio dos quais se fazem chamados conjuros. Mas, ficai certos de que são espíritos que de vós outros escarnecem e zom­bam da vossa credulidade.”

Colocamos estas considerações, como contraponto, para que não se confunda Umbanda com Kardecismo, embora tenham muitas semelhanças e pontos em comum. Kardecismo é raiz para Umbanda, de mesma importância que suas outras raízes, Africana ou Católica, por exemplo. Estas origens estão para a Umbanda assim como o Judaísmo está para o Catolicismo e estes para o Islã.

A abertura que Kardec deu para o adepto de certa religião ser espírita, pode fazer com que o umbandista torne-se espírita ou que o espírita pratique a Umbanda, mas não torna a Umbanda como Kardecismo e vice-versa.

Ainda assim o tema é e sempre será polêmico, mesmo Kardec quando foi questionado, de forma direta, se espiritismo era religião, deixou claro que formalmente não, mas ideologi­camente sim.

Agradecimentos a Alexandre Cumino.

6.3.09


PRECE AOS ORIXÁS


Que a irreverência e o desprendimento de Exú me animem a não
encarar as coisas da forma como elas parecem à primeira vista e sim que eu
aprenda que tudo na vida, por pior que seja, terá sempre o seu lado bom e
proveitoso!

Laro Yê Exu!

Que a tenacidade de Ogum me inspire a viver com
determinação, sem que eu me intimide com pedras, espinhos e trevas. Sua espada e
sua lança desobstruam meu caminho e seu escudo me defanda.

Ogum Yê meu Pai!

Que o labor de Oxossi me estimule a conquistar sucesso e fartura às custas de meu
próprio esforço. Suas flechas caiam à minha frente, às minhas costas, à minha
direita e à minha esquerda, cercando-me para que nenhum mal me atinja.

Okê Arô Ode!

Que as folhas de Ossanhe forneçam o bálsamo revitalizante que restaure
minhas energias, mantendo minha mente sã e corpo são.

Ewe Ossanhe!

Que Oxum me dê a serenidade para agir de forma consciente e equilibrada. Tal como suas águas doces - que seguem desbravadoras no curso de um rio, entrecortando pedras e se precipitando numa cachoeira, sem parar nem ter como voltar atrás, apenas seguindo para encontrar o mar - assim seja que eu possa lutar por um objetivo sem arrependimentos.

Ora YeYêo Oxum!

Que o arco-íris de Oxumaré transporte para
o infinito minhas orações, sonhos e anseios,
e que me traga as respostas
divinas, de acordo com meu merecimento.

Arrobobo Oxumaré!

Que os raios de Yansã alumiem meu caminho e o turbilhão de seus ventos leve para longe aqueles que de mim se aproximam com o intuito de se aproveitarem de minhas fraquezas.

Êpa Hey Oyá!

Que as pedreiras de Xangô sejam a consolidação da Lei Divina em meu
coração. Seu machado pese sobre minha cabeça agindo na consciência e sua balança
me incuta o bom senso.

Caô! Caô Cabecilê!

Que as ondas de Yemanjá me
descarreguem, levando para as profundezas do mar sagrado as aflições do
dia-a-dia, dando-me a oportunidade de sepultar definitivamente aquilo que me
causa dor e que seu seio materno me acolha e me console.

Odoyá Yemanjá!

Que as cabaças de Obaluayê tragam não só a cura de minhas mazelas corporais, como também ajudem meu espírito a se despojar das vicissitudes.

Atotô Obaluayê!

Que a sabedoria de Nanã me dê uma outra perspectiva de vida, mostrando que cada nova existência que tenho, seja aqui na Terra ou em outros mundos, gera a bagagem que me dá meios para atingir a evolução, e não uma forma de punição sem fim como
julgam os insensatos.

Saluba Nanã!

Que a vitalidade dos Ibeijis me estimule a enfrentar os dissabores como aprendizado; que eu não perca a pureza mesmo que, ao meu redor, a tentação me envolva. Que a inocência não signifique fraqueza, mas sim refinamento moral! Onibeijada! Que a paz de Oxalá renove minhas esperanças de que, depois de erros e acertos; tristezas e alegrias; derrotas e vitórias; chegarei ao meu objetivo mais nobre; aos pés de Zambi maior!

Êpa Babá Oxalá.


1.3.09

Oração Da Sabedoria


Oração da Sabedoria
Senhor,
dá-me a esperança para vencer todas minhas ilusões.
Plantai em meu coração a sementeira do amor.
Ajuda-me a fazer feliz o maior número da
humanidade possível, para ampliar seus dias
risonhos e resumir as noites tristonhas.
Transforma meus rivais em companheiros, meus
companheiros em amigos e meus amigos em entes queridos.
Não me deixeis ser um cordeiro perante os fortes
e nem um leão diante dos fracos.
Dá-me o sabor de saber perdoar e afastai de mim o desejo de vingança.
Senhor,
iluminai meus olhos para eu veja os
defeitos de minha alma e vendai-os para que eu
não comente os defeitos alheios.
Senhor,
levai de mim a tristeza e não a entregueis a mais ninguém.
Enchei meu coração com a divina fé, para
sempre louvar o vosso nome e arrancai de mim o
orgulho e a presunção.
Deus,
fazei de mim um homem realmete justo.
(Oração Psicografada)